a cibele estava puta aquele dia. ofereceram pão com linguiça e catupiry,
só que pão faz mal. era o que ela defendia. no último ano cortou pães e leites
e aí ficou 25 quilos mais leve. era como justificava.
ou seja, pão faz mal. concluiu.
agora vem esse cara que nunca tinha visto na vida e oferece pão?
para ele, uma gentileza.
para ela, uma audácia!
a cibele não conseguia acreditar como o cara estava oferecendo um pedaço daquele
mau caminho para as pessoas... sendo que
pão faz mal!!!
estava puta com o cara e com o pão.
mas se achava feliz porque tinha tirado o pão da sua vida e, com ele, todo aquele peso extra.
essa história real aconteceu com um amigo meu, o cara que levou o dito e
fez a moça ficar muito brava (já a cibele eu nunca vi mais gorda).
só não ficou claro se ela de fato não gostava de pão
ou
não gostava de gostar tanto de pão a ponto de não conseguir conviver com ele de um jeito saudável
ou
ainda
não se achava merecedora de saborear um pão, que isso era bom demais para ela e
esse discurso impostor todo
ou
ainda ainda
achava melhor recusar pães porque o que é bom dura pouco e melhor nem arriscar.
o fato é que foi e
tira o pão!
pão faz mal!
lá pelas tantas, ainda dividindo o ambiente com a cibele e com o pão de linguiça e catupiry,
o cara repara que estão entre eles, também, duas baratas mortas e deslembradas no canto.
possivelmente há dias.
cibele, ainda puta, disse que já tinha visto, mas que estava tudo bem assim.
as pessoas que desviassem. era o que ela recomendava.
não queria que o cara mudasse as coisas por ali.
já não bastava o pão?
acontece que às vezes o mal não está nas coisas,
mas na forma como a gente vê e reage às coisas.
a cibele tirou o pão da vida certa de que ele fazia mal,
mesmo sabendo que iria gostar e querer mais.
as baratas não tirou, tudo bem deixar lá...
mesmo sabendo que provocaria desconforto e afastaria as pessoas ao redor.
varre essa barata e come esse pão cibele, depois você vai se arrepender.
e aí o peso é maior.
photo by thought catalog on unsplash
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