sempre que me apaixono, nunca me apaixono sozinha.
isso não significa que sejam paixões recíprocas.
significa que sempre que me apaixono, ela aparece para disputar a atenção comigo.
se o cara que eu gosto está junto, ela dá um jeito de dar as caras.
sempre.
se o cara que eu gosto ainda não reparou em mim, ela se joga na frente para chamar atenção.
acha que assim vai ajudar. mas não.
eu quero falar, ela me cala com uma voz estridente e histérica por cima.
eu quero contar uma história, ela mete uma piada sem graça no meio. que, além de estragar o clima,
ainda me faz esquecer o ponto e o resto do caso.
eu quero sorrir, ela gargalha de coisas que nem tem razão de riso.
se o cara que gosto começa a reparar em mim, ela fica me distraindo para eu não dar atenção para ele.
e aí parece que não tenho interesse.
eu quero dançar, ela me segura no canto.
eu quero mostrar o meu melhor, ela me intimida.
eu quero ficar na minha, ela me deixa agitada.
aí se o cara que eu gosto vai embora, ela vai também. e me deixa lá, com vontade de ter feito muitas coisas,
mas que não consegui pela presença manipuladora dela.
já tentei disfarçar e falar para ela que não, dessa vez não é paixão. por favor, me deixa aqui curtir de boa.
só que ela é esperta, se liga e não deixa eu ali curtir de boa.
sempre que o cara que eu gosto não se apaixona de volta, nunca sei se foi para ela que eu perdi.
e fico pensando quantos caras que gostei não conseguiram me conhecer de verdade
porque essa caricatura de mim mesma insiste em dar seu show...
photo by jasmine waheed on unsplash
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