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a gente se encontra na esquina

para mim, uma das coisas mais bonitas de se ver é

a corridinha-do-pedestre e tudo o que ela envolve.

sabe qual é?

quando o carro para para a pessoa atravessar e

a pessoa dá uma corridinha para atravessar.

acho gentil demais. quem para e quem dá a corridinha.


o motorista freia e num gesto,

em geral com as mãos e uma leve queda de pescoço,

convida o pedestre a passar.

o pedestre, por sua vez, aceita e responde apertando o passo

para algo que não é mais o caminhar, mas também não chega a correr.

é uma corridinha,

como quem diz não quero atrapalhar, valeu, tamo junto, já te libero.


acho uma troca tão simbólica com tão pouco.


a verdade é que a corridinha não vai afetar em nada

o tempo de espera do motorista e nem da travessia,

sei por fato, já que sou uma entusiasta e praticante dessa pequena ação.

não se ganha tempo, mas ganha o dia. para mim, pelo menos, é assim.


muito se fala dos relacionamentos que duram séculos.

é bonito e tal,

mas repare na beleza dessa relação da corridinha-do-pedestre.

dura segundos, mas que belos segundos, minha gente…

um para para o outro passar, um corre para o outro seguir.

uma literal via de mão dupla.

é puro e genuíno.

um olhar e um gesto que falam por si só.

tem atenção. tem cuidado. tem confiança.

cada um no seu caminho e no seu caminhar,

mas cúmplices nas esquinas onde se encontram.


uma amiga uma vez me disse

o mundo é uma esquina.

e esquinas nada mais são que encontros.

o mundo são encontros.


e não é sobre o tempo.

é sobre significados, intenções e respeito.

é sobre a força, a beleza, a conexão.

seja a história bem recente ou já antiga,

demorada ou corridinha.




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