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nomerologia

qual era para ser seu nome se seu nome não fosse seu nome?

o meu era para ser jethra.

j e t h r a.

com tê-agá.

meu pai que curtia. por sorte (e sensatez) minha mãe concordou em discordar.

não, não sei o que significa.

inspiração na banda jethro tull? talvez.

o carro veio muito depois. e não tem agá.

podia dizer que foi um barato dos anos 70, mas ele tentou emplacar a jethra muitas vezes depois,

em todos os outros três filhos que vieram mais tarde - um nos anos 80, outra já quase nos 90 e

o último nos 2010. ou seja, não foi só uma fase.

o google me conta que é uma cidade na índia, mas essa foi uma descoberta recente até para o meu pai.

outro dia ele disse que, talvez, quem sabe?, venha de algum super-herói, mas não soube dizer qual.


nunca entendemos essa fixação.

sempre agradecemos às mães por estarem do nosso lado.


o que mais me intriga é que jethra está menos para um nome de gente e mais para, sei lá, uma sigla:

Jogos Esportivos Trimestrais Holandeses de Roterdam e Arredores,

ou um elemento químico recém-descoberto,

ou uma palavra croata para cheirinho-de-café,

ou uma estrela de plutão, da época em que plutão ainda era planeta,

ou a deusa da mitologia egípcia misteriosa e pouco falada, talvez amante proibida de tutancamon,

ou a modelo ucraniana que marcou os anos 60.


ou só letras sortidas e reunidas aleatoriamente mesmo.


qualquer que seja o significado da palavra em si, me preocupa mais o peso que ela teria em minha jornada. porque acredito na nomerologia, que é uma ciência desenvolvida em parceria com a jethra, que é a influência

do nome na vida das pessoas, que é baseada em fatos quase reais, que é: tudo seria totalmente diferente

se eu fosse a jethra.


para começar, eu não tomaria café para evitar a tormenta lá na cafeteria gentil que chama a gente pelo nome.


pelo mesmo motivo de soletração, estaria mais atrasada comparada ao que vivo hoje - volte lá

no começo e avalie o tempo que eu perderia explicando meu nome cada vez que conhecesse alguém.


talvez fosse mais reservada só para não precisar me apresentar e, de novo, passar pelo longo

processo introdutório.

ou, ao contrário, seria excêntrica para fazer valer a escolha do meu pai. “ah, um chapéu de arara só

podia ser a jethra mesmo...”


e ainda, de repente, virasse escritora para ter a liberdade de inventar uma história diferente cada vez

que meu nome viesse à roda... bem, pelo jeito um pouco dela vive aqui dentro.


pois é, a nomerologia não é uma ciência tão exata assim. precisamos trabalhar melhor nela,

mas eu e a jethra discordamos em alguns pontos...






1 Comment


Lara Jethra

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