inconstitucionalissimamente

taí uma palavra supervalorizada: são necessárias 27 letras (!!!), uma conferida no dicionário,

duas tentativas para falar sem gaguejar. e mesmo com todo esse esforço, nunca me disse nada.

bom, na realidade nunca me foi dita - a não ser no título acima e em desafios nos recreios infantis.

desperdício de letras. convenhamos, há palavrões melhores por aí.

quem mereceria mais reconhecimento é a sianinha, que é uma palavrinha tão bonitinha,

mas tão pouco aproveitada. não sabe o que é? pois aposto que deu um sorrisinho. sianinha é um

acabamento de tecidinho em formato de ondinha usado em costura, principalmente em roupinhas de bebê e coisinhas feitas por avozinhas. tão gracinha que combina com a palavra - e combina também com diminutivos. mas caiu em desuso e a geração de hoje está privada de ouví-la. que peninha.

em compensação, insistimos em usar fragrância. uma palavra que parece ter nascido com a grafia errada - não parece ter erre sobrando aí? - e, para mim, soa como um pobrema. só emplacou porque cheira bem. podíamos remanejar a sianinha para cá e descartar de uma vez por todas a fragância - assim, errado mesmo, soa melhor.

tem palavras que eu quero continuar falando, mas não me deixam. álcool, por exemplo. pode beber, pode desinfetar, só não me vá abastecer! de repente ele exige ser chamado de etanol e me sinto politicamente incorreta cada vez que tento completar-com-álcool.

também ficou lá pelos anos 90 o rebobinar. se ainda tem função em situações específicas e esporádicas eu não sei, mas o uso em massa já era. finalmente entenderam que ninguém quer rebobinar.

e nunca sei a hora de usar lago e a hora de usar lagoa. quando é isso, quando é aquilo? a mesma dificuldade encontro em banheiro público com aquele grande e sorridente m. eme de mulher ou de masculino? já nem estranho quando aparece um masculino porta adentro. com cumplicidade, dou um olhar compreensivo e espero ele sair à procura do agá.

uma só letrinha e muito poder. isso acontece muito. o oi, que já é simpático por natureza, é capaz de arrancar mais sorrisos com o acréscimo de um simples e: oiê. e hummm, então? uma quase palavra, que é mais um ruído, e está dito. uma opinião completa em três letras - e olha que duas delas nem precisam dar as caras, o eme (de novo ele) já dá o recado.

mas sianinha ainda é a minha preferida. uma sianinha com notas florais então... mmmm.