Água que vem do céu é chuva
e quando chega no chão,
acomoda não,
logo muda a direção.
Muda também de nome e aí chama enxurrada.
Se acumula é enchente,
e o que sobra é poça d'água.
Água que despenca é cachoeira,
água livre é mar,
água embalada é rio,
água limitada é represa, lago ou lagoa.
E benta é água boa.
Água em pedaços é iceberg,
gelo é água quadradinha,
com design é iglu
e se raspa é raspadinha.
Água que falta é seca,
quando demora é estiagem.
Um tiquinho de água é gota
a que escapa vira pingo.
Tem aquela que passarinho não bebe,
aí ela chama pinga.
Água de criança é lambança,
água de deserto é oásis,
água com açúcar é sossego,
água com esperança é cheia de moedas.
Água limpa é banho,
quando suja vira esgoto.
Água de gente é transpiração,
água de boca é saliva
(fora dela vira baba),
água de olho é lágrima
(mas se vem do fundo é emoção).
Choro é água triste,
onda é água ousada,
tsunami é água agressiva,
suor é água cansada,
correnteza é água determinada.
E água de ontem são águas passadas.
Água de inverno é neve,
água de verão vem do coco,
água fria é para poucos,
água bem quente é vapor
(mas se queima é água-viva).
Água no algodão é compressa,
água na planta é rega,
água no azulejo é piscina,
água na garrafa é mineral,
água à noite é sereno,
água na cara é despertar.
E água de beber é água mesmo.
Se inspira na água
se adapta, se reinventa
e segue a maré.
Porque já dizem por aí
que água parada
coisa boa não é.
(photo byLaura Mitulla on Unsplash)
Larinha, afora tudo mais, vc é, definitivamente, POETA!
Sua fã número 1. Maravilha.