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cara,alho!

7% creem no alho.

dizia uma chamada no jornal valor econômico. não tive oportunidade de querer ler,

mas pensar eu pensei... 7% é, aparentemente, uma porcentagem pequena, só que

bastante expressiva em se tratando de adorar uma planta, não?


cara,alho!

antes de tudo: sim, é uma planta. conferi para não falar do alho em vão.


e aí segui pensando nesses 7% devotos e quais devem ser seus rituais.

imagino uma Santa Massa aos domingos, com toda a família, pão e vinho.

existe o ritual de batismo que inclui, naturalmente, a antiga parceria com o óleo.

e ainda acontecem as celebrações ao redor do fogo para dividir o pão... de alho.


como em toda religião, tem seguidores fervorosos, que defendem a ideias com unhas e dentes, claro.

e aqueles que, por não entenderem muito bem a mensagem, acabam trocando alhos por bugalhos.

uns desgarrados passaram a adorar o alho-poró - esses se deixaram levar pelo quiche, responsável

por pregar essa mensagem anos atrás, quando viveu o auge.


os cabeças do alho estão sempre falando sobre seus milagres contra o mau olhado - é um bafo, garantem.

em suas casas, o deus tem altar e tudo - em cima de uma cama de sal grosso, às vezes acompanhado

de pimentas vermelhas. uma corrente inclui vampiros nessa proteção, mas a comunidade se divide

- acreditam no alho, em vampiro já é demais.


descascar seus dentes é chato, deve ser a penitência deles. comer o tempero em dia de

encontros sociais é pecado. mas colocar fritinho no prato é o caminho para o céu!


na verdade, não é de hoje que as pessoas jogam no alho a responsabilidade da salvação - nossas avós

já pregavam que um chazinho desse ingrediente e a gripe estava resolvida.

toma e levanta-te!

mas daí a ter seguidores, essa eu nunca imaginei.


respeito, claro.

eu mesma acredito em ET, em fantasma, em bruxa, em chinelo virado…

em zumbi não acredito - só que nada contra, tenho até amigos que são.

nunca acreditei em parasempres, mas tem quem leve essa ideia para a vida toda.


e crer a gente pode crer no quiser, não é mesmo?


como o efeito mandela, por exemplo. esse é o nome na psicologia para o mistério das falsas memórias coletivas. é quando grande parte das pessoas acredita em fatos que, na verdade, nunca aconteceram. ideias que ninguém sabe de onde vieram, mas são senso comum e fazem muita gente botar fé que o mandela morreu nos anos 90, quando na verdade aconteceu em 2013; que o burguês do jogo monopoly carrega um monóculo sem nunca

ter aparecido com um; ou que assistiu a um filme chamado shazaam, ainda que não exista essa produção.

nossa mente é mesmo poderosa.


nessa incerteza chamada vida, nos apegamos no que dá. só queremos alguma segurança,

e aí acabamos acreditando em coisas que não sabemos se são ou não são, mas confiamos mesmo assim.


tem aqueles que creem na indigestão: manga com leite não pode, piscina depois de comer também não.

tem os que negam o homem na lua, mas aceitam a loira do banheiro.

tem gente que não vê problema na terra plana, mas vê na vacina.

e tem até quem acredita em presidente, realidade paralela, mundo invertido.


pensando bem, certos estão os 7% que creem no alho. acho que vou me converter e aumentar essa estatística. mal não vai fazer, no mínimo dá um gostinho bom nas coisas e afasta vampiros.




2 Comments


Manoel Almeida
Manoel Almeida
Aug 05, 2020

curiosamente plantei um pé d´alho aqui em casa

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Muito bom!

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